“Se você acredita que a vida continua, logo, a morte é uma piada”
Não vou julgar a peça da mesma maneira que julgaria qualquer outra. Tiraria aqui, colocaria ali, faria um pouco diferente sim, se eu tivesse esse poder, mas a peça “A Morte é uma Piada” tem um cunho social muito importante: a bilheteria é destinada a projetos sociais que atendem crianças necessitadas. Por isso não me cabe julgar e sim admirar.
De uma maneira geral, gostei muito. Por ser de cunho espírita, com atores com formação na doutrina, me chamou muita atenção. Simpatizo muito com o espiritismo e acreditar em seus ensinamentos me deixa mais feliz e tranqüila para seguir minha vida, sabendo que quando ela terminar, não será necessáriamente o fim. Isso afeta minhas atitudes, decisões e pensamentos.
Agora, realmente a morte me parece uma piada.
Sabe qual a parte que mais me chamou atenção nessa peça? No início, ele olha para a platéia e diz: “Sinto informar, mas vocês estão todos mortos!”.
Peguei-me a imaginar como seria a verdade. Se eu estivesse ali, sentada, sem poder voltar a minha rotina normal, sem poder ver novamente meus entes queridos. De súbito fui assaltada por uma sensação de impotência. Não somos nada e tudo termina assim, num piscar de olhos e, subitamente, você está sentado diante ao tão temido Deus e em julgamento. Claro, imaginei uma catástrofe, anjos voando, caminhar por sob as nuvens e tal e coisa (tudo mentira).
Voltando a realidade, a maioria das pessoas que “morreram” comigo era de mais idade. Senti que o texto fora elaborado para um público específico e me senti um pouco deslocada no meio da peça. O personagem interpretado por Renato Prieto, que interpretou André Luis no tão comentado filme “Nosso Lar”, desata a contar piadas sobre a morte. Confesso que conhecia a maioria, por isso me senti um pouco fora do contexto nessa parte. Mas logo fui resgatada pelas belas mensagens que eram transmitidas. O objetivo principal da peça, que já foi assistida por mais de 5 milhões de pessoas, é a reflexão: de onde vim, o que estou fazendo aqui e para onde vou. Questionamentos, piadas, mensagens regadas a músicas de Roberto Carlos, Milton Nascimento/ Fernando Brant, Nelson Cavaquinho/ Guilherme de Brito, Paulo César Feital e Noel Rosa.
No final, fiquei um pouco decepcionada comigo mesma. Reclamei do valor do ingresso (R$ 40,00) sem saber que o valor seria destinado a causas sociais. Acho que meu mentor espiritual leu meus pensamentos e colocou uma pessoa no meu caminho. Quando estava na fila para compra do ingresso, uma moça veio até mim e me deu um tiquet. Perguntei quanto eu deveria pagar por ele. Ela respondeu que era um presente… Coisa da Nossa Senhora dos Pão Duros que Não Querem Pagar Ingressos!
E já que a morte é uma piada, permite-me terminar o texto com uma: No final da peça, antes de sair do salão, cumprimentei André Luis (por sinal, um jovem senhor muito bonito, mas de uma beleza que talvez pudesse ser chamada LUZ). Então, cumprimentei André Luis, peguei em sua mãe e pasmem, ele não estava gelado! Tá, foi péssima, eu sei…