Nada de palavras bonitas. Só uma verdade sobre mim.
Pra determinadas pessoas é mais fácil escrever do que dizer. É mais fácil que os outros pensem que talvez algo esteja acontecendo e repensem suas atitudes, do que falar em conversa franca e ouvir uma crítica, ou ter como resposta uma cara de “você está louca”?
Me cansa ouvir que “quando você tem um problema com alguém, você tem que conversar com esse alguém”. Mas pra que conversas quando não existe solução. Pra que se expor se você será fuzilado com um olhar que diz “deixa de ser idiota”.
Talvez os meus problemas não façam sentido pra ninguém. Talvez minhas reclamações também não façam sentido pra outras pessoas. Elas são minhas e só eu sei o que sinto…
…elas são minhas, mas talvez tenham relação com outras pessoas e suas atitudes. Não percebem como um simples fazer nada, magoa.
Mas se por algum acaso do destino eu falo o que estou sentindo, é porque talvez o que eu esteja sentindo realmente doa. E essa dor duplica quando como resposta, você recebe um olhar de reprovação por sentir o que você sente.
Sou um ser humano que não teve a mesma educação sentimental do que todo mundo. Sinto tudo muito a flor da pele. Sinto a cobrança da necessidade que os outros tem de que eu seja igual a outro alguém.
Só que no mundo eu que eu vivo hoje se eu desatar a chorar e falar o que estou sentindo, vou ser tachada como uma boba sentimental ou com problemas de autoafirmação, quando na verdade a única coisa que eu preciso talvez seja um pouco mais de amor, um pouco mais de carinho e um pouco mais de abertura pra falar sobre o que eu sinto… E só!
Sinto falta de um “vem aqui, vamos conversar”.
Esse texto por exemplo, é uma declaração assinada de que eu sou uma manteiga derretida que precisa desabafar. Sabe o que isso significa? Nada, porque nada vai mudar na minha vida após esse texto! Continuarão a me olhar com cara de “você é uma idiota e precisa de tratamento”.
E eu, enquanto digito tudo isso, choro por dentro porque não posso chorar pra fora a qualquer hora e em qualquer lugar. A sociedade onde eu vivo pratica a discriminação mais corrosiva: a discriminação sentimental. Ninguém pode demonstrar o que realmente sente, nem dentro da sua própria casa.
As Crônicas de Naia 