Não curto muito escrever sobre as peças que assisto. Atores, diretores, produtores e afins de peças de teatro ganham muito pouco ou quase nada pra trabalhar. É complicado criticar sem saber das condições que tornaram aquela peça possível, sem saber da experiência dos atores que apresentam.
Com os filme é diferente. As produções envolvem milhões de dólares e oferecem cachês altíssimos aos consagrados atores. Como eles ganharão muito em cima do filme que pagamos para assistir, temos o dever e o direito de comentar sobre eles.
Com o teatro é completamente diferente. A equipe envolvida na peça receberá muito pouco para apresentá-la. Uma pelo fato de que o publico que prestigia teatro é bastante pequeno. Os ingressos do SESC são baratos, justamente pra não afastar o público, e segundo porque não sei exatamente o que os atores recebem para apresentar.
O incentivo para o teatro vem do próprio ator, colega de profissão, que apóia o colega no palco, espalhando a notícia de que a peça vale a pena. E a prova ta na cara da gente: você vai pro teatro e vê sempre as mesmas pessoas.
Falo até mesmo de mim. Se não namorasse um ator, bailarino, escritor, poeta total (piadinha interna…), certamente não estaria lá, assistindo as peças do Palco Giratório. Por quê? Por comodismo talvez, por falta de companhia, por falta de vergonha na cara… Sei lá! Mas agradeço todos os dias a energia superior que nos guia, por todas as coisas que me deixam feliz, uma delas, o teatro.
A propósito, que belo projeto cultural esse do SESC eim! Imaginem que bom seria ser todas as empresas incentivassem a cultura dessa maneira…
E agradeço a energia superior, vulgo Deus, por ter assistido “Felinicias: História de Amor e Clown”. Não tem comparação com outras peças que vimos antes, principalmente de Clown, que até pouco tempo eu só sabia que era uma palavra em inglês, traduzida como “palhaço”. É é isso né.
Assistimos uma peça que comentei aqui, “Sobre tomates, tamancos e tesouras” que foi o auge da risadaria. Tomamos com base que Clown é exagero. Principalmente se for sem falas. Exagero bem interpretado é um troço complicado de se fazer. Exagerar nas caras e bocas sem ficar ridículo é quase uma obra divina… Senti que FHAC (Felinicias: História de Amores e Clowns) ficou carente disso. Se o público fosse maior, quem estivesse distante talvez não entenderia a expressão dos atores.
A grande sacada da peça foi a projeção. Possibilitar que os atores no palco interajam com os atores do vídeo, foi uma grande sacada. Poderia ter sido explorada ainda mais, porém, de maneira que os dois pudessem ser percebidos juntos. Na maioria das cenas, os vídeos continuavam e os atores interpretavam no palco. Você não sabia pra onde olhar e acabava se perdendo… Isso possibilita, por exemplo, que o público olhe apenas para o vídeo, e ignore o ator no palco. É um pecadinho…
Uma história simples que, se bem explorada, pode ficar muito divertida.